sexta-feira, 16 de junho de 2023

Quem Quer Ser Prefeito de Itatiba?

 



"Vencer uma eleição de um governo bem avaliado
 não é para quem quer, é  para quem pode". 

Alberto Carlos Almeida,
 A Cabeça do Eleitor.
 

 Em Itatiba não tem segundo turno, portanto, é uma eleição estratégica e matemática. Profissionalismo e planejamento são imperativos para vencer, e não são opções. É preciso somar e multiplicar apoios, subtrair do principal concorrente e dividir a oposição. Destaco duas eleições com estas características: a reeleição de José Roberto Fumach (MDB) em 2004 e a eleição de 2020, que elegeu Thomás Capeletto de Oliveira (PSDB).

Em 2004, na pré-campanha de Fumach (MDB), ele tinha dois concorrentes: Marina Bredariol Almeida (PPS) e o ex-prefeito Adilson Franco Penteado (PTB). Numa versão não oficial dos acontecimentos políticos da época, há uma intrigante narrativa que sugere uma articulação entre o MDB local e o PSDB estadual, para impulsionar a candidatura do então vereador João Gualberto Fattori (PSDB). Com a confirmação da candidatura de Fattori, a oposição se dividiu com três fortes candidatos. Fumach alcançou a sua reeleição, vencendo Marina Bredariol por uma diferença de 1,77% dos votos válidos. Uma vitória da estratégia política.

Na eleição de 2020, Douglas Augusto P. Oliveira (DEM) buscava a sua reeleição, enfrentando Thomás Capeletto (PSDB) e o Dr. José Antonio Parisotto (PSD). Acreditava-se que essa divisão da oposição poderia beneficiar o então prefeito. No entanto, o resultado não foi o esperado, e Douglas acabou perdendo a eleição por uma margem de 1,1% dos votos válidos. Douglas subestimou a força da oposição, não somou apoios e subtraiu ao romper com algumas tradições locais. Thomás soube somar os apoios dessas rupturas.  

Para a eleição de 2024, a polarização entre Thomás e Douglas é uma tendência clara e esperada. O atual prefeito, caso não enfrente nenhuma crise que afete a sua administração, provavelmente se apresentará com altos índices de aprovação. Douglas vem com forte oposição e com críticas aos pontos fracos da atual administração, ao abandono de algumas de suas obras, e propor soluções para as agendas recorrentes em todos os pleitos eleitorais como saúde, educação, emprego, segurança e transporte público.

Existem boas possibilidades e oportunidades para uma terceira via em 2024, seja para posicionar-se visando às eleições de 2028, ou para entrar firme na disputa. O desafio é grande! Há muitos votos a serem conquistados com os eleitores que optam por alienar o seu voto, representados por aqueles que se abstém ou votam nulo e branco. Esse fenômeno da alienação demonstra uma crescente descrença ou desinteresse nas eleições municipais. Na última que elegeu Thomás, 27.520 eleitores, ou, 33,46% deles não votaram em nenhum dos candidatos. Se esses números se mantiverem, a alienação em 2024 poderá ultrapassar os 35%, correspondendo a mais de 30.000 votos. O suficiente para eleger um prefeito! 

Nesse contexto, o maior desafio será motivar os eleitores a comparecerem às urnas. Um exemplo dessa estratégia foi observado na última eleição presidencial, quando os partidos PT e PL investiram na mobilização digital. E tiveram êxito, tanto que no primeiro turno em Itatiba, a alienação ficou em 28%.  A mobilização de rua ainda é importante e necessária, por demonstrar força e possibilitar o contato pessoal do candidato com o eleitor. No entanto, a mobilização digital permite alcançar de forma rápida e eficaz diferentes públicos. Por meio das redes sociais, é possível segmentar a comunicação de forma mais ampla, com postagens personalizadas e com narrativas diferenciadas para seus diversos públicos. Temas importantes para um jovem de 21 anos, não interessam à sua avó, de 65 anos.

Algumas dicas para quem deseja enfrentar a polarização Thomás-Douglas e ser o candidato da terceira via: saia do ostracismo político e comece a sua pré-campanha já; posicione-se na internet e na imprensa local sobre temas relevantes e atuais do município; tenha estratégias para sensibilizar, motivar e mobilizar o eleitor. Você só não pode pedir voto!

 E não se esqueça: profissionalismo, planejamento e estratégias são imperativos para vencer. Não são opções.


Artigo publicado no Jornal de Itatiba em 17 de junho de 2023.

quarta-feira, 8 de março de 2023

Política é e Deve ser Assunto de Mulher

 



Mulheres na Política Itatibense


Uma mulher na política muda a [própria] mulher.

 Muitas mulheres na política mudam a política”

Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile

 

Desde a eleição municipal de 1947, a primeira do período de redemocratização, os itatibenses elegeram 243 vereadores. Desse grupo, somente 14 do sexo feminino.  Em 73 anos, tivemos apenas 5,76% de mulheres na história da Câmara Municipal de Itatiba. A quebra da hegemonia masculina no Legislativo itatibense ocorreu nas eleições de 1982.

O feito tem a autoria da advogada Lia de Araújo Oliveira Marchi. Dra. Lia, quatro anos depois, foi também a primeira mulher a ser reeleita vereadora em Itatiba, em 1986. Predestinada a quebrar reinados masculinos, ela derrubou mais um tabu em 1991, quando foi eleita a primeira e única mulher a presidir a nossa edilidade. Em 1992, Dra. Lia encerrou um período de dez anos como nossa vereadora.

A partir desse feito, mais 13 vereadoras foram eleitas para a Câmara Municipal: Marina Bredariol Almeida (1997-2000); Ester Dalcin Sibinelli, dois mandatos (1997-2004); Irene Araujo de Camargo Pires Fumach, três mandatos (2001-2012); Roselvira Passini (2017-2020); Deborah Cássia de Oliveira (2017-2020); Elizabet Tsumura (2017-2020); Luciana Bernardo (2021-2024); Leila Bedani, dois mandatos (2016-2024). A eleição de 2016 foi a que mais deu vitória a mulheres. Quatro se elegeram, porém, Elizabeth e Roselvira licenciaram-se para assumir cargos administrativos na Prefeitura.

Duas vereadoras merecem destaque especial pela dedicação à política itatibense: as professoras Marina Bredariol Almeida e Irene Araújo de Camargo Pires Fumach.

Marina demonstrou sua determinação e coragem para servir Itatiba ao longo de 20 anos de carreira política. Desde sua primeira e única que foi eleita, em 1996, disputou nove pleitos. Por razões que só os astros e deuses da política local podem explicar, não conseguiu ser eleita prefeita de Itatiba, cargo que disputou em três ocasiões. Também disputou por duas vezes o cargo de vice-prefeita, sem sucesso. Porém, obteve expressivas votações locais em suas candidaturas à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados. Em 2002, conquistou 43,2% dos votos em Itatiba e, em 2006, 42,35%. Os porcentuais não foram suficientes para elegê-la. Neste século, nenhum candidato itatibense chegou perto desses números de Marina.

Irene disputou quatro eleições e foi eleita em três delas. Em 2012, sua última campanha, conquistou 921 votos, mas não se elegeu em função do quociente eleitoral. Houve vereadores empossados com menos votos. Irene foi a candidata mais votada na eleição de 2000, quando obteve 1.589 votos –recorde ainda não superado por nenhuma outra candidata. Ao longo de 12 anos, foi uma das primeiras-damas mais queridas e admiradas pela população itatibense e inovou em suas ações do Fundo Social de Solidariedade.

Em 1992, Itatiba registrou o lançamento da primeira candidatura de mulher à Prefeitura, a de Maria Eunice de Lourdes Milda Mancin de Camargo. Obteve 13,69% dos votos, que não foi suficiente para elegê-la. Foi a primeira-dama que quebrou paradigmas e ditou uma nova diretriz para a função. Criou o Fundo Social de Solidariedade e foi Diretoria de Saúde e Promoção Social.  Era conhecida por não ter medo de nada, tanto que em uma das enchentes que assolou Itatiba na década de 1980, entrou no meio das enxurradas para socorrer famílias. Eunice foi também candidata a vice-prefeita em 1996, mas não se elegeu.

Se as leis e regras eleitorais de 2022 forem mantidas no pleito de 2024, vejo boas notícias para as potenciais candidatas. Duas merecem atenção:

·         Redução do número de candidatos: na eleição municipal de 2020, cada partido podia lançar até 26 nomes. Agora, serão até 18 por legenda ou federação (100% das cadeiras +1), das quais seis vagas serão reservadas para as mulheres (30%).

·         Recursos e cotas: a Emenda Constitucional 117 prevê acesso das candidatas a, no mínimo, 30% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do Fundo Partidário; a mesma cota valerá para o tempo de propaganda em rádio e TV.

Com a redução do número de candidatos e mais tempo de mídia e recursos financeiros para as mulheres, os caciques terão de esquecer a velha prática de preencher a cota feminina com as amigas e familiares, somente para cumprir os termos da lei. Precisarão contar com mulheres empoderadas, com potencial de voto e projetos capazes de atender às demandas da população. Os caciques têm de investir desde já nas possíveis candidaturas femininas.

A Câmara Municipal de Itatiba precisa de maior presença feminina. Mulheres são mais orientadas para as pessoas do que os homens, enxergam o mundo desde a perspectiva do grupo, do "nós". Elas têm empatia com as suas pautas. Além do preparo para enfrentar qualquer pauta política a ser apresentada durante a legislatura, compõem a parcela com real conhecimento sobre saúde, aborto, educação, assédio moral e sexual, maternidade, segurança alimentar, igualdade de gênero, empobrecimento menstrual, jornada dupla de trabalho, desigualdade salarial, sub-representação em cargos eletivos e na administração pública, entre outros tópicos.

As mulheres representam mais da metade da população brasileira e, em pleno século 21, não podem continuar sub-representadas na política. O patriarcalismo esgotou-se, o preconceito não se sustenta e a competência das mulheres em funções públicas está mais do que confirmada. Elas têm o poder de criar propostas claras, objetivas, eficientes e de práticas para a melhoria da vida dos itatibenses. Há necessidade inquestionável de termos mais mulheres atuantes no campo da política.

Esperamos que numa eleição, não tão distante, se quebre mais um tabu, e Itatiba eleja a sua primeira prefeita.


Artigo publicao no Jornal de Itatiba - 08/03/2023 

Print do anuncio no post abaixo

Artigo "Política é e Deve ser Assunto de Mulher" publicado no Jornal de Itatiba 08/03/2023


 

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Não é só Carnaval

 


            A família itatibense que gosta do carnaval voltou a sorrir. A Praça da Bandeira novamente lotada, sob o olhar feliz de dona Helena Pupo, Homenageada que foi pelo bloco Demônios Acadêmicos da Benjamin e na arte de Cleverton Gomes. Cinco dias de uma imersão carnavalesca, que há tempos nossa cidade não presenciava. Foi maravilhoso!

Tivemos reis, rainhas, princesas, a centenária Banda Santa Cecília, os Demônios da Benjamin com seus 45 anos, sendo que por 43 deles abriu o nosso carnaval. O novo percurso do bloco Tradição, com a batuta da bateria nas mãos de Giba Jesus, herdeiro do querido mestre Birro. O bloco percorreu do Bar Ramalho na Pizza e Almeida, agora Ladeira do Samba, até o Clube 7 de Setembro, torrão natal da Unidos da Campos Salles e da família de Nhá Dita Maranhão. Uma festa que uniu a tradição, cultura e história.

Os Blocos se consolidaram nos grandes centros e, em Itatiba, não foi diferente.  Com a gigante Namoradeira, Sputnik e Desbocados vimos uma evolução emocionante no nosso carnaval de rua. Eles se tornaram as principais atrações das tardes do reinado de Momo. Outra grande alegria veio lá do Jardim das Nações, com o ressurgimento, como uma Fênix, da bateria da Escola de Samba Águia Dourada, de boas lembranças com os velhos companheiros de carnavais, Niltinho e Tonhão.

        As bandas Piracema, Por do Som e o grupo Pegada Nossa, compartilharam com entusiasmo a alegria dos itatibenses. O que é mais importante: tudo gente de quem! Todas formadas em sua maioria por músicos itatibenses, que conhecem a nossa cultura e gosto musical. Sucesso certo e garantido!

Outra boa notícia: os clubes estão se reinventando. Voltando, criando alternativas e mantendo as suas tradições.

Neste contexto, peço licença a Noel Rosa para plagiar um pequeno verso de "Feitio de Oração". Podemos dizer que o itatibense "Sambou e chorou de alegria. Sorriu de nostalgia".

Faltou apenas uma grande matinê para as crianças, que, com certeza, ocorrerá em 2024.

Não é só carnaval. Os festejos movimentam toda a economia da cidade. Costureiras, confecções e armarinhos, lojas de roupas e calçados, bares, restaurantes, sorveterias, cozinheiros e auxiliares, garçons, músicos, seguranças, açougues, mercados, adegas, enfim, todos os setores que fazem a nossa economia girar. E faz girar colaborativamente, onde um ajuda o outro. Aqui em Itatiba, é onde a maioria deles reinveste os seus ganhos e contratam profissionais. A roda gira...

Ganha até quem não gosta da folia!

A prefeitura acertou em apostar nos blocos e nas bandas locais. O carnaval é considerado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o natal do turismo brasileiro. Itatiba é um Município de Interesse Turístico, com potencial e uma boa estrutura para promover um grande carnaval.

Um Corredor da Alegria! Que poderia ser realizado nas quatro praças do centro: Fórum, Rosário, Bandeira e Cadeia, mais o Mercadão, a região do Pabreu Mall, a Ladeira do Samba e o 7 de Setembro.

 Parece loucura, mas...

Não é só carnaval. Com um evento bem planejado, Itatiba pode se posicionar como um destino preferido de famílias que buscam uma cidade segura, alegre e perto da capital para curtir a folia. Precisaria unir num grande projeto as secretarias de Cultura e Turismo e do Planejamento. Convocar o SEBRAE para capacitar e treinar o comércio, prestadores de serviços e ambulantes para o evento e, se possível, um gestor profissional para o turismo e seu trade.  Precisa evoluir gradualmente, acertando o que não deu certo, e num futuro próximo, teremos um carnaval diferenciado e único. As cidades de Capitólio, São Luiz do Paraitinga e Serra Negra, são as referências para se estudar.

Não é só carnaval. É turismo. Uma indústria limpa, aonde o dinheiro vem e fica.

Não é só carnaval, é desenvolvimento. É geração de emprego e renda.


Artigo Publicado no Jornal de Itatiba - edição virtual, em 25 de fevereiro de 2023

 

Fabio Eduardo Chrispim Marin

Publicitário, Consultor de Marketing e Presidente dos Demônios Ac. da Benjamin desde 1977, ou seja, desde sempre.