O
prefeito eleito de Itatiba, dr. Thomás Capeletto de Oliveira, e seus futuros secretários,
tomam posse com uma pauta imensa de trabalho. Além da prioritária saúde pública,
comprometida pela Covid 19, gerar empregos será certamente uma das necessidades
mais urgentes. Não se trata de uma questão-chave apenas para Itatiba, mas
também de toda a sua região. Quase metade da força de trabalho paulista (48%)
está em situação vulnerável no mercado de trabalho, segundo dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. Itatiba, infelizmente, não escapa
dessa realidade, que se tornou mais aguda durante a pandemia.
Neste
artigo, sugiro oito ações administrativas que, em minha opinião, serão benéficas
para a geração de emprego e renda em Itatiba. Algumas das recomendações são até
mesmo fácil de serem implementadas. Outras dependerão de investimentos
públicos, de medidas jurídicas, de compromissos com a inovação e, acima de
tudo, de apoios políticos. A adoção de Parceria Púbico-Privada (PPP) nesse
campo, bem como o apoio do Senai, Senac, Sesi e Senar e a participação efetiva da
Aicita e do Sebrae, pode facilitar a criação de um círculo virtuoso no mercado
de trabalho da cidade. Sugestões:
1.
Mercadão. O mercado municipal merece ser
tratado com carinho e respeito e ser reposicionado como Mercadão, protagonista
na área de alimentação de Itatiba. Seus espaços vazios podem
ser ocupados periodicamente por pequenos produtores rurais, pelas indústrias
alimentícias e de bebidas da cidade para a exposição, venda e degustação de
seus produtos.
2.
Indústrias já instaladas. A criação de um departamento municipal
de networking e de soluções para o desenvolvimento industrial certamente trará
vantagens para às empresas. A proposta seria mapear as principais demandas desses
empresários quanto a incentivos, logística e formação de mão de obra
especializada e adotar políticas públicas inovadoras para solucioná-las.
3.
Cluster de decoração. Itatiba já se consolidou como um
polo de fabricação e venda de móveis, o que atrai a visita de turistas, mas
precisa dar um passo adiante e se reposicionar como centro de inovação em
decoração. Revigorar e reurbanizar a região da avenida 29 de Abril e da rua
Luiz Scavone, onde se concentram as inúmeras lojas de decoração e políticas
públicas municipais seriam decisivas para o investimento privado na abertura de
novas lojas e indústrias moveleiras.
4. Incubadoras.
O projeto de criação de incubadoras
está no plano de governo do dr. Parisotto e deve ser aproveitado. Basicamente,
consiste em oferecer aos pequenos empreendedores um espaço físico com toda
estrutura necessária para iniciarem as suas atividades. Trata-se de um
incentivo e fôlego inicial para a formação de novos profissionais e empresas. A
cidade dispõe de locais para esse fim, como o Palacete Damásio, na esquina da
Praça da Bandeira. No mesmo espaço pode ser implantada a Incubadora de tecnologia. Devemos nos lembrar de que a Apple nasceu
em uma garagem. Parcerias da Prefeitura com a Universidade São Francisco (USF)
e outras instituições educacionais da região teriam imenso valor para o
desenvolvimento de um polo de startups.
5.
Incubadora de pequenas indústrias e prestadores
de serviços. No
mesmo molde das duas sugestões anteriores, a proposta é permitir a criação de
pequenas empresas em espaço temporário fornecido pela Prefeitura. O custo pode
ser reduzido por meio de PPPs. Sugiro o espaço antes ocupado pelas duas
unidades da Têxtil Elizabeth, no centro da cidade, para esta finalidade.
6.
Grande
Glicério. O centro comercial de Itatiba é uma região que vai
além da rua Francisco Glicério. Inicia-se na rua Maria de Lourdes Abreu e
termina nas proximidades da Santa Casa. Esse grande corredor de compras e de lazer
dispõe de lojas âncoras que poucos centros comerciais e shoppings da região têm.
Reurbanizar essa grande área e criar facilidades de acesso a ela certamente
gerarão maior movimento. Os incentivos para estacionamentos e a criação de uma linha
de micro-ônibus gratuitos para circular nesse trajeto o seu percurso
seguramente contribuirão para a melhoria do acesso e do trânsito.
7. Turismo. Itatiba é um Município de Interesse
Turístico, faz parte do Circuito das Frutas, sedia o Zooparque, recebe eventos
em suas fazendas, conta com um centro histórico, belos parques e tem uma excelente
localização. Mas precisa de boas campanhas de comunicação e da integração dessa
atividade com o comércio local. Com o turismo, o dinheiro vem e fica na cidade,
além de gerar empregos e renda.
8. Centro
Empresarial e Logístico.
As últimas administrações municipais se mostraram míopes em relação a uma
vantagem geográfica de Itatiba. A cidade está ao lado da Rodovia D. Pedro I e
próxima às principais rodovias do Estado e do Aeroporto de Viracopos. Nossas
vizinhas Jundiaí, Jarinu, Louveira, Vinhedo e Valinhos enxergaram a
oportunidade similar para se tornarem centros empresariais e logísticos.
Itatiba conta com espaços para a atração desses investimentos e, para a
construção de sua infraestrutura, pode se valer 100% das PPPs.
Vivemos,
lamentavelmente, um momento de incerteza não só em Itatiba. A pandemia
interrompeu hábitos e mudou a maneira de se fazer negócios. A economia da
cidade não voltará à normalidade imediatamente e é bem provável que, ao nos
vermos livres da ameaça do coronavírus, nos vejamos diante de um "novo
normal". À gestão do prefeito Capeletto caberá os difíceis desafios de preparar
a economia de Itatiba para se tornar mais ágil e competitiva. Trata-se de prepara-la
para o futuro.
Artigo publicado no Jornal de Itatiba, coluna Opiniões. 31/12/2020
Fabio Chrispim Marin
Publicitário e
consultor de Marketing Político.