sábado, 29 de setembro de 2018

Seis itatibenses foram eleitos deputados e senadores desde o final do Império


Seis itatibenses foram eleitos deputados e senadores desde o final do Império

Desde a época do Império, tivemos seis itatibenses com mandato eletivo no parlamento, como deputados federais, estaduais e senadores. Alguns deles natos. Outros adotaram Itatiba como sua terra e aqui criaram laços afetivos e profissionais. O primeiro parlamentar eleito foi o médico Gabriel de Toledo Piza e Almeida, um republicano convicto que  participou da Convenção de Itu.

Piza e Almeida era médico formado nos Estados Unidos, proprietário ruralempresário e  embaixador do Brasil em Berlim e Paris. Elegeu-se deputado provincial em São Paulo por três mandatos, entre 1882 e 1887, no reinado de Dom Pedro II.

Depois da proclamação da Republica, em 15 de novembro de 1889, o Brasil viveu cinco períodos republicanos, dos quais em quatro Itatiba teve representantes. A exceção foi no Estado Novo, quando o Congresso foi fechado.

  Na Primeira Republica (1889-1830), Antonio de Lacerda Franco foi senador estadual. Naquela época, o parlamento do Estado também era bicameral. Enéas Cesar Ferreira foi deputado estadual. Ambos eram do PRP, o Partido Republicano Paulista . Até 1926, todos os deputados itatibenses pertenceram ao PRP e suas dissidências, Conservador ou Liberal. Lacerda Franco e Ferreira perderam os seus mandatos com a Revolução de 1930, que trouxe Getúlio Vargas ao poder.

 Na Segunda República (1930-1937), o engenheiro itatibense Ranulfo da Mata Pinheiro de Lima foi eleito deputado federal Constituinte em 1932, como representante dos profissionais liberais. Pinheiro de Lima era um deputado classista, uma categoria parlamentar que assegurava a representação dos trabalhadores sindicalizados no parlamento. Em outubro de 1934, foi eleita uma Assembleia Constituinte Estadual com 60 deputados.

A Terceira Republica (1937-1945) teve inicio em 10 de novembro de 1937. Foi quando Getulio Vargas deu um golpe para instituir o Estado Novo, determinou o fechamento do Congresso Nacional e promulgou a Constituição de 1937.  A Carta Magna lhe conferiu o controle total do Poder Executivo e também lhe permitiu nomear interventores para os Estados, aos quais deu ampla autonomia para a tomada de decisões.

Com a renúncia de Vargas, em outubro de 1945, iniciou-se a Quarta República brasileira (1945-1964) e o processo de redemocratização do país. Houve eleições em dezembro para presidente, governadores e para a Constituinte. Mais de uma dezena de partidos novos e velhos passaram a funcionar, formando seus diretórios nas capitais e no interior. Entre estes partidos destacavam-se a UDN (União Democrática Nacional), o PSD (Partido Social Democrático), o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o PTN (Partido Trabalhista Nacional) e ao PCB (Partido Comunista do Brasil).

Em 1950, surge na política o industrial itatibense Paulo Abreu, eleito deputado federal. Quatro anos depois, Abreu torna-se suplente de senador na chapa de Auro de Moura Andrade. Elege-se como deputado federal por mais dois mandatos, em 1966 e 1970. Na década de 1950, mais dois itatibenses se candidatam: em 1954, Luiz Emanuel Bianchi lançou-se para a Câmara dos Deputados pelo PST (Partido Social Trabalhista) e, em 1958, Roberto Arantes Lanhoso disputou uma vaga de deputado estadual. Nenhum dos dois foi eleito.


A Quinta Republica (1964-1985) surgiu com o golpe militar deflagrado em 31 de março de 1964 para depor o então presidente João Goulart. Nesse período, houve profundas modificações na organização política do país. Pelo Ato Institucional nº 2, de 1965, foram destituídos todos os partidos politicos existentes e, entre 1966 e 1979, o Brasil teve apenas dois partidos legais, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), de apoio aos governos militares, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), uma frente de oposição. Outros, como o Partido Comunista Brasileiro (PCB), continuaram a existir, mas na clandestinidade.

No período final do regime militar, o AI-2 foi abolido e formaram-se seis novos partidos. O Partido Democrático Social (PDS), sucessor da Arena e apoiador do governo militar. Na oposição, o PMDB sucedeu o MDB. Outras legendas criadas ou recriadas foram o Partido Popular (PP), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido democrático Trabalhista (PDT) e o Partido dos Trabalhadores (PT).  Paulo Abreu, neste período, filiou-se à Arena e conquistou mais dois mandatos como deputado federal, em 1966 e em1970.

Entre a década de 1970 até o final do Século XX, Itatiba teve vários candidatos a deputado estadual. Em 1970, Aloísio Boava (Arena) e, em 1978, José Mauricio de Camargo (MDB) disputaram uma vaga para a Assembleia Legislativa. Na década de 1990, seis itatibenses concorreram para essa Casa: Rubens Pântano Filho (PT), Manoel Roberto Massaretti (PDS), Tutomo Sassaka (PRP), Marina Bredariol Almeida (PPS), doutor Simões (PMDB) e Beto da Loja (PTB).

Somente no inicio do século XXI, Itatiba voltou a ter um representante na Assembleia Legislativa, com Adilson Rossi eleito em 2002. Rossi reelegeu-se por mais dois mandatos, em 2010 e 2014. Até hoje, mais 10 itatibenses disputaram eleições para o  Congresso Nacional e a Assembleia Legislativa, alguns deles mais de uma vez.  Tivemos também a candidatura do professor Antonio Carbonari Neto a suplente de senador na chapa de Romeu Tuma (PTB), em 2010. Mas neste longo período pós 1964, somente Paulo Abreu, por duas vezes, e Adilson Rossi, por três vezes, se elegeram deputados, ambos com uma grande base eleitoral.

Fabio Chrispim Marin
Consultor de Marketing Político, membro da Academia Itatibense de Letras e da Associação Pró Memória de Itatiba.
Artigo publicado no Jornal de Itatiba Diário em 07/10/2018. Coluna Opiniões

sábado, 15 de setembro de 2018

A história da Faculdade de Engenharia Industrial de Itatiba




Gostaria de acrescentar informações históricas sobre a recente notícia veiculada no Jornal de Itatiba na devolução do prédio da Universidade São Francisco à municipalidade.
O projeto de criação e instalação da Faculdade de Engenharia Industrial de Itatiba foi realizado durante a última gestão do prefeito Erasmo Chrispim, entre 1966 e 1969. Contou com total apoio técnico e político do então vereador Roberto Arantes Lanhoso que, quando assumiu a Prefeitura (1969-1973), fez um trabalho incansável pelo reconhecimento da faculdade pelo Ministério da Educação.
         O projeto de lei de criação da Faculdade de Engenharia de Itatiba foi aprovado pela Câmara Municipal de Itatiba em duas sessões extraordinárias, ambas realizadas em 9 de junho de 1967. A lei previa "firmar convênio com o I.E.S.R.B. (Instituto do Ensino Superior da Região Bragantina), com a finalidade precípua de ser instalada uma faculdade de Engenharia, com as modalidades de mecânica, têxtil, operacional e outras, nesta cidade, nos moldes educacionais mais avançados". A lei ainda previa a abertura de um crédito especial no valor de NCr$ 1.000.000,00 (um bilhão de cruzeiros velhos) para as despesas com a instalação da faculdade.
Em 15 de junho de 1967, o prefeito Erasmo Chrispim promulgou a Lei 845, oficializando a criação da F.E.I. Já no dia 22 de junho, a Prefeitura declarou de utilidade pública para fins de desapropriação, por meio do decreto 176/67, o prédio e os terrenos nos quais seria instalada a Faculdade. No mesmo terreno, pertencente à família Ulhano, funcionara por longo período um curtume.
Essa atitude, porém, em vez de criar expectativas positivas e alegria, teve efeito contrário. Foi alvo de pronunciamento do proprietário do imóvel no jornal "A Tribuna", em 25 de junho, e houve repercussão na Câmara de Vereadores, que tentou revogar o decreto, conforme publicação no mesmo jornal em 19 de julho de 1967.  Cinco vereadores opositores ao projeto tentavam a todo custo dificultar a instalação da faculdade nas antigas dependências do curtume
         Em contrapartida, a população jovem e estudantil da cidade se mobilizou e partiu para a luta. Com manifestações públicas e pressão sobre os vereadores, os estudantes conseguiram reverter a situação e posicionaram-se ao lado do prefeito. Em 23 de julho de 1967, foi publicado na imprensa local um “Manifesto ao Povo”, liderado pela Associação Estudantil Itatibense.
         Apesar de todo burburinho e das tentativas de orientar a opinião pública contra a instalação da FEI no local destinado, prevaleceram as determinações do prefeito Erasmo Chrispim. Depois de algum tempo de sua instalação, a Faculdade de Engenharia Industrial de Itatiba passou a ser comandada por um novo grupo empresarial, até ser absorvida pelas Faculdades Franciscanas. Funcionou no mesmo prédio e passou por várias transformações, oferecendo também cursos de outras áreas. Como Campus de Itatiba da Universidade São Francisco, no mesmo local cedido em comodato pela Prefeitura de Itatiba, funcionou até as enchentes de 2016, quando o prédio foi duramente atingido.

Logo depois de Erasmo Chrispim deixar a Prefeitura, em 1969, seus adversários políticos iniciaram um movimento para desvincular seu nome da Faculdade de Engenharia Industrial de Itatiba. Com esse movimento, pretendiam tirar sua “paternidade” da instalação da Faculdade. Na inauguração da instituição, uma placa comemorativa foi instalada na entrada do estabelecimento, com o nome de Erasmo Chrispim. Durante uma noite, a placa foi removida e roubada, ficando desaparecida por algum tempo. Passados alguns meses a mesma placa foi deixada defronte o Paço Municipal, envolta em papel higiênico. Em ato nobre, a placa foi recolocada no seu devido lugar, com o reconhecimento público da obra de Erasmo Chrispim.
        
Em seus 17 anos como prefeito, Erasmo Chrispim deixou um enorme legado à educação em Itatiba. Quando assumiu pela primeira vez a Prefeitura, na década de 1930, a única escola da cidade era o Coronel Julio César, no centro. Ao longo dos seus cinco mandatos, construiu sete instituições de ensino na área urbana: Escola Municipal de Ensino Básico “Coronel Francisco Rodrigues Barbosa”, Escola Técnica Estadual “Rosa Perrone Scavone” (antiga Escola Artesanal e Ginásio Industrial Estadual), Escola Municipal de Ensino Básico “Coronel Manoel Joaquim de Araújo Campos”, Escola Estadual “Manoel Euclides de Brito” (antigo Cenemeb – Colégio e Escola Normal Manoel Euclides de Brito), Escola Técnica Comercial, Escola Normal Municipal e, ainda, a escola municipal da Vila Cruzeiro.
Construiu ainda escolas em seis bairros rurais: Cocais, Tapera Grande, Mombuca, Ponte, Pires e Morro Azul. Outra obra meritória de Erasmo Chrispim na área da educação foi a total reorganização da Biblioteca Municipal Francisco da Silveira Leme – “Chico Leme”, nos baixos do Paço Municipal.

Quanto à faculdade, temos de reconhecer categoricamente que, nestes quase 50 anos, fez uma enorme diferença para o progresso de nossa cidade e de suas famílias. A Faculdade garantiu melhores oportunidades de emprego e estudo a muitos jovens itatibenses, ofereceu bolsas de estudo aos seus funcionários e, por um período, aos seus filhos. A instituição aqueceu a economia local, com vinda de estudantes de outras cidades que, em muitos casos, constituíram famílias e construíram suas vidas nesta cidade.
 Hoje, o Campus de Itatiba da Universidade São Francisco oferece 12 cursos de nível superior e outros de pós-graduação, mestrado e doutorado. Prepara cerca de 3500 estudantes e emprega quase 300 trabalhadores entre funcionários e professores. Trata-se de um patrimônio da cidade e razão de imenso orgulho para seus cidadãos, originado na proposta e no empenho de Erasmo Chrispim de oferecer ensino superior aos jovens itatibenses e de formar profissionais para Itatiba, sua região e, atualmente, para o mundo.

artigo publicado no Jornal de Itatiba - Diário
Coluna Opiniões - 16/09/2018