A prefeitura de Itatiba realiza uma intervenção radical no Ribeirão Jacaré, da região do Jardim de Lucca até as proximidades da ETE Sabesp. O objetivo declarado é nobre: prevenir enchentes e melhorar a mobilidade urbana. O método escolhido, porém, representa um retrocesso ambiental que pode trocar um problema por uma catástrofe anunciada. Enquanto cidades modernas evoluem para soluções baseadas na natureza, Itatiba insiste em repetir os erros do passado. O caso mais dramático que ilustra o destino de um rio canalizado encontra-se a poucos quilômetros: as marginais do Tietê, em São Paulo. Um rio convertido em depósito de esgoto e lixo, com custos astronômicos para a sua recuperação e prejuízos imensuráveis à qualidade de vida dos paulistanos.
O cenário do Tietê pode se repetir em Itatiba: a supressão de microflorestas, árvores frutíferas, espécies nativas como Pau-Brasil e da mata ciliar pode gerar danos ambientais permanentes e irreversíveis. As consequências são previsíveis: aumento drástico da temperatura local, extinção de espécies e degradação do ribeirão Jacaré. O mais grave é que, até o momento, a prefeitura não apresentou à sociedade um plano de reposição florestal. A reposição não é uma mera sugestão; é uma obrigação legal e moral inegociável.
Exemplos de sucesso como o de Curitiba demonstram que existem alternativas inteligentes. Os parques inundáveis conciliam drenagem com áreas de lazer, criando espaços verdes que previnem enchentes sem prejudicar os rios. Enquanto o prefeito celebra a obra nas redes sociais, a realidade para a população itatibense é de total opacidade: a prefeitura permanece sem responder questões cruciais sobre os impactos reais desta intervenção na qualidade de vida dos itatibenses. A Câmara de Vereadores, cuja função é exatamente fiscalizar, compactua 100% com esse silêncio. Em razão da falta de transparência, é necessário que a prefeitura responda às seguintes perguntas publicamente:
A prefeitura tem consciência de que cada árvore nativa e frutífera removida representa a destruição de um habitat inteiro? Que é uma sentença de morte para a fauna que dela depende?
Compreendem que a mata ciliar é a armadura viva do nosso ribeirão? Sem ela, o assoreamento e a poluição condenam o Jacaré a se tornar um canal doente, comprometendo suas funções de corredor de biodiversidade e termorregulador natural do clima?
Quanto aos moradores do entorno? Alguém os informou que, no lugar da vegetação, herdarão uma ilha de calor insuportável, onde o concreto e o asfalto irradiarão temperaturas altíssimas, e a região em torno do ribeirão ficará abafada e insalubre?
Onde está o plano de reposição? Quantas árvores foram suprimidas? O replantio priorizará espécies nativas e a criação de quantos parques lineares?
O prefeito acredita estar construindo seu legado. Contudo, pode ser que não seja reconhecido no futuro por solucionar as enchentes, mas por devastar o meio ambiente de Itatiba. A história poderá registrá-lo como responsável por um retrocesso ambiental. O futuro do ribeirão Jacaré e de nossa cidade demanda decisões transparentes e participativas. Não pode ser decidido no silêncio de um gabinete.
Em 20 anos, ao olharmos para o Ribeirão Jacaré, o que veremos? Um canal de concreto morto e poluído como as marginais do Tietê? Ou um coração verde pulsando a vida? A decisão final cabe ao prefeito, mas a cobrança é nossa. E a mobilização começa já.
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Vamos juntos reescrever este capítulo!!!
Fabio Chrispim Marin
E daqui a gente segue tentando preservar o meio ambiente de Itatiba.
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