sexta-feira, 26 de setembro de 2025

A oportunidade turística que Itatiba ainda não enxergou.

 




A Feimoc — Feira da Indústria e do Móvel Colonial, nas décadas de 1960 e 70, foi muito mais que uma feira: foi um exemplo bem-sucedido de como promover uma cidade. Ao consolidar Itatiba como a "Capital Brasileira do Móvel Colonial", a iniciativa não apenas gerou turismo e riqueza, mas criou uma identidade clara e poderosa para a cidade no cenário nacional. No entanto, com o declínio do setor, nossos gestores cometeram um erro estratégico fatal: abandonaram o trabalho de branding e permitiram que essa identidade se perdesse. Uma miopia crônica os impediu de entender que, no turismo, uma marca forte é o principal ativo de um destino – e sem investimento contínuo, ela se dilui até desaparecer.


Essa mesma miopia está fazendo Itatiba desperdiçar uma das suas maiores oportunidades recentes: o título de Município de Interesse Turístico (MIT), conquistado em 2018. A classificação abriu as portas para cerca de R$ 4 milhões em recursos estaduais, aplicados na infraestrutura turística. Desde então, foram  elaborados dois Planos Diretores de Desenvolvimento Turístico. No entanto, o essencial ficou faltando: nenhuma ação estratégica de marketing foi realizada para criar uma identidade e consolidar Itatiba como destino turístico.  Como resultado, o pouco reconhecimento que Itatiba possui hoje deve-se  exclusivamente a iniciativas privadas, como o Zooparque, a Federação Ornitológica, a pista de arrancada SPID Cup, hotéis-fazenda e a realização de casamentos.

Até mesmo o caqui, com suas grandiosas festas anuais, permanece subexplorado. A fruta carece de uma marca forte — um “Caqui de Itatiba”, como fez Jundiaí com a sua Uva Niágara. Uma rápida pesquisa no Google para “cidades produtoras de caqui” revela a ausência de estratégia: Itatiba aparece somente em uma matéria da prefeitura — nenhum destaque em veículos do setor agrícola ou turístico. 

Nosso cartão-postal ignorado: a Princesa das Colinas.

A identidade turística de Itatiba está literalmente diante de nossos olhos — basta olhar para cima. A cidade é coroada por um conjunto de elevações únicas que definem sua paisagem, mas que permanecem completamente invisíveis para as políticas públicas. Essa miopia estratégica nos impede de transformar paisagens deslumbrantes em destinos consolidados.

Conheça as joias dessa coroa natural negligenciada:

  • Pico Alto (1.113 m): ponto mais alto da região, com potencial excepcional para ecoturismo e contemplação.

  • Pico da Jurema (940 m): abriga projeto visionário do arquiteto Cid Camargo para mirante e restaurante — aguarda há anos um gestor com a mesma ousadia.

  • Serra dos Cocais (970 m): uma das últimas serras do Planalto Atlântico no interior, com afloramentos rochosos e biodiversidade única.

Esses locais são a base concreta para reposicionar Itatiba. Por meio de políticas públicas de incentivo e de Parcerias Público-Privadas (PPPs), a implantação de mirantes, parques e restaurantes nestes locais pode finalmente consolidar nossa vocação turística. O potencial não se limita às áreas rurais: no centro urbano, a torre da Matriz oferece vistas deslumbrantes do núcleo histórico, provando que nossa geografia favorável nos acompanha até o coração da cidade.

Cada elevação representa uma oportunidade estratégica para desenvolver o turismo de natureza, aventura, trilhas e experiências eco culturais — cenários perfeitos para viralizar nas redes sociais. Itatiba não precisa ser construída do zero; precisa ser descoberta. Cada foto, story, tag com #PrincesaDasColinas, #PicoAltoItatiba, #SerradosCocaisItatiba, #TorredaMatrizItatiba é um convite gratuito para o mundo conhecer a nossa Princesa das Colinas. Uma propaganda gratuita que nossos gestores insistem em ignorar.

O futuro do turismo em Itatiba não está no chão — está no alto de nossas colinas. Basta ter a coragem de subir e plantar a bandeira de uma nova era para a economia local.

Fabio Chrispim Marin


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