Eleições
2020 – A Onda Conservadora na era Digital
"A produção de conteúdo deve
ser alterada,
DE UM PARA MUITOS para DE UM,
COM VÁRIOS TONS E LINGUAGENS,
PARA MUITOS, DE FORMA SEGMENTADA."
Marcelo Vitorino
Em outubro de 2020, vamos
eleger o novo prefeito e os integrantes da Câmara Municipal em uma campanha
muito diferente das que tivemos no passado. Os partidos e candidatos a vereador
serão desafiados a formular suas estratégias e planejar suas campanhas em
outros moldes. Com o fim das coligações, haverá menos partidos nas disputas e, consequentemente,
menos candidatos e mais eleitores indecisos. O grande desafio será motivar o
eleitor a ir às urnas, principalmente se o nível da campanha cair em insultos e
grosserias. Lembro que o índice de abstenção/nulos/brancos tem aumentado consideravelmente.
Uma onda conservadora elegeu políticos em todo Brasil nos
últimos pleitos. Douglas foi eleito em 2016 com base em três pilares: seu forte
posicionamento como vereador de oposição; a avaliação negativa de Fattori, abalada
pelas enchentes e pela demora na reconstrução das pontes; na onda conservadora reforçada
pelo prestigio do ex-prefeito Fumach, atual vice. Em 2018, essa mesma onda
elegera João Dória para o governo de São Paulo e Jair Bolsonaro para a
Presidência da República.
Essa onda tende a continuar forte, com as redes sociais
como principais ferramentas de comunicação política. Foram amplamente
utilizadas na eleição de 2016, mas com doses de amadorismo e de
experimentalismo. Em 2018 a equipe de Bolsonaro demonstrou domínio dessa
tecnologia, considerada crucial para sua vitória. Erra, porém, quem pensa que bastam
uma Fanpage e um perfil no Instagram,
com milhares de seguidores, para ter êxito na campanha. A eleição de 2020 será disputadíssima,
principalmente para a Câmara Municipal. Os partidos e os candidatos precisam se
estruturar, com uma equipe de comunicação profissional e especializada em marketing
político e em mídia digital.
Hoje, novos termos e siglas precisam ser incorporados ao
dicionário dos candidatos: brand persona,
persona, alcance, engajamento, envolvimento, alcance orgânico, copywritting, CPC, CPL, CPM, CRM, SEO, lead, dark post, edge ranking, crowdfunding, storytelling e mais uma infinidade deles. Conforme as novas regras
eleitorais definidas pela reforma política, a presença digital de um candidato
é permitida em qualquer tempo, sendo vedado apenas o pedido de voto antes do
período eleitoral. Quem tem mandato, sai na frente. Quem não tem, precisa se posicionar,
produzir e divulgar conteúdos e dominar as ferramentas da internet. Os sites e
as páginas das redes sociais dos candidatos têm de interagir, informar, entreter
o eleitor, transmitir credibilidade e autenticidade e, assim, construir o posicionamento
de imagem deles. Da mesma forma, eles não podem se esquecer de que, em eleição,
voto é o que cai na urna. Curtidas, compartilhamentos, comentários, emojis não
são sinônimos de votos.
No mundo da internet, a transparência é fundamental.
Raros são os esqueletos preservados no armário durante uma campanha eleitoral
e, por isso, o gerenciamento de crises será o trabalho mais pesado para candidatos
e partidos. Os que já têm mandato precisam sair da zona de conforto e se
posicionar publicamente sobre temas polêmicos. A velha máxima do “quanto menos
posicionamento político, melhor o resultado eleitoral” já não existe mais. A
internet é impiedosa com políticos sem posições claras e que omitem fatos de
sua vida política e privada. O eleitor pode ainda ter memória curta, mas a
internet não, e o lembrará de fatos passados.O candidato tem de mapear todos os
seus pontos negativos e fraquezas, listar as possíveis respostas e trabalhar
com previsões profissionais.
Considero dois pontos positivos da eleição na era digital:
a segmentação e o impulsionamento de publicações. O primeiro permite ter a visualização
do eleitor além do padrão IBGE: gênero, idade, religião, nível de educação,
região, classe social. Hoje, temos e podemos saber mais sobre o eleitor, quem
ele é, quais as suas e expectativas e anseios para a comunidade, se ele se
preocupa com as causas sociais, meio ambiente, educação e saúde. Também podemos
saber quais são os públicos com maior afinidade com as propostas do candidato.
Com estas informações, surge a necessidade de uma nova forma de comunicação política,
capaz de despertar a atenção e municiar com bons conteúdos cada segmento do
eleitorado. Aqui entra o impulsionamento
com a entrega de conteúdo específico para cada um de seus públicos.
Resumindo: A comunicação
deixou de ser de massa e passa a ser segmentada; na internet, o usuário escolhe
aquilo que deseja ver, ler, assistir, entreter e polemizar; o
universo digital exige respostas mais rápidas e a necessidade de conversar mais
com o eleitor; redes sociais é uma plataforma de pessoas, que consomem
conteúdos e com um grande potencial para gerar o boca a boca. Positivo ou
negativo, ou seja, consagra ou destrói a sua candidatura.
Artigo publicado no Jornal de Itatiba, Coluna Opiniões, em 07/09/2019
Artigo publicado no Jornal de Itatiba, Coluna Opiniões, em 07/09/2019
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