O perfil do Vice
“Vice não manda nada.” - José Alencar
Vice Presidente do Brasil 2003- 2010
Para as eleições de 2016 já existem vários candidatos
a prefeito e, principalmente, a vice, tanto
da situação como da oposição. São
muitos os profetas e analistas políticos locais, presentes nos botecos, no
“Senadinho” do Mercadão e nos corredores da Câmara Municipal. Todos profetizam
sobre os futuros candidatos, baseados na teoria do “SE”.
A figura do vice é importantíssima politicamente. O
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, explicou muito bem o perfil do vice
para a chapa do PSDB, para as eleições presidenciais deste ano: “Primeiro, precisamos de um vice que seja
solidário. Segundo, que não tire voto. Terceiro, se puder que agregue voto.
Para agregar voto, às vezes é melhor que ele seja de outro partido”.
Resumindo: Na política o vice tem que somar.
Na história política de Itatiba
existem algumas situações interessantes em relação aos vices. Na primeira
eleição após a redemocratização, em 1947, não tivemos a eleição para
vice-prefeito, o que só aconteceria na eleição de 1951, com Pedro Mascagni
(PTB) sendo eleito o vice de Etore Consoline (PTB). Mascagni entrou para a
história como o primeiro vice prefeito eleito de Itatiba. Desta eleição até
1963, o eleitor votava separadamente no prefeito e no vice. O vice além do
prestigio político tinha que ter os seus próprios votos. Outro fato
interessante a se destacar é que, em 1951, um aspirante a vice teve mais votos
que o candidato a prefeito de sua coligação: o vice Joaquim Bueno de Campos
(UDN-PSP) teve 1.506 votos e o candidato a prefeito, Benedito Gonçalves Dutra
(UDN-PSP) 1.470 votos, ambos derrotados por Consoline e Mascagni.
Em 1955, o professor Luiz Pântano da
coligação PTB/PSP, que apoiava Mascagni, foi eleito o vice de Erasmo Chrispim
(PTN). Oposição e situação, aparentemente, governaram juntas. Parece que
conviveram bem os quatro anos de mandato, inclusive com Pântano assumindo a
prefeitura por mais de um período. Situação difícil de imaginar nos dias
atuais.
Nas eleições de 1959 e 1963 ocorrem
também situações interessantes, com mais candidatos a vice do que a prefeito.
Em 1959, a
vitória foi do PSP com Pedro Mascagni e Otalibe Pellizer com o pleito tendo
três candidatos a prefeito e cinco a vice. Em 1963 foram dois candidatos a
prefeito e quatro a vice, com a vitória do PTN de Erasmo Chrispim e Mauricio
Camargo. Mesmo sendo do mesmo partido a relação entre eles não terminou nada
amistosa.
A partir de 1968 inicia-se um novo
modo de se eleger os prefeitos e vices com a introdução da chapa completa
(pura), sendo prefeito e vice eleitos com um único voto e, obrigatoriamente, do
mesmo partido. Este modelo elegeu os mandatários itatibense até a eleição de
1996. Neste período podemos dizer que existiram momentos de convivência
harmoniosa entre os prefeitos e os vices, mas também grandes “turbulências”,
além de dois vices que não sentaram um único dia na cadeira de prefeito.
O ano de 2000 marcou o início das
coligações partidárias majoritárias em Itatiba. Com dois mandatos - 2001/2004 e
2005/2008 - a coligação entre PMDB e PP, aparentemente, ficou em harmonia nos
oito anos de governo, ganhando duas eleições consecutivas. Concorrendo com uma
chapa pura, inclusive para vereadores, o PMDB em 2008 perde a eleição para
prefeito, elegendo apenas seus dois vereadores.
Nas eleições de 2008 e 2012 com a
vitória do PSDB - PV mostrou -se que a teoria de FHC está correta: vice
solidário, não tirou voto e, de outro partido.
A parceria PSDB - PV sobrevive solidamente, mas agora sem o vice, que
foi para o PC do B. Possivelmente vai tentar a carreira solo.
Quanto a 2016, uma única certeza do
ponto de vista teórico e estratégico: o candidato do prefeito é do PSDB. O vice
precisa ter o perfil de... Vice.
Artigo publicado no Jornal de Itatiba - Diário, Coluna Opiniões - 01/06/2014
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